Na tranquila paisagem de Algoso, onde o tempo corre devagar e a natureza ainda dita o ritmo dos dias, encontra-se uma pequena joia esquecida por muitos: a Ponte Romana de Algoso. Sem ostentação nem grandes estruturas, é daquelas obras que impressiona precisamente pela sua simplicidade, solidez e pela forma como se funde com o ambiente rural que a rodeia.
Assente sobre o rio Angueira, esta ponte de provável origem romana — embora com intervenções e restauros na Idade Média — fazia parte de um antigo caminho que ligava povoados e facilitava a travessia em direcção ao Castelo de Algoso, que se ergue altivo ali perto, num dos pontos mais estratégicos do Nordeste Transmontano. Era uma peça essencial na malha de caminhos rurais que sustentavam a vida quotidiana da região, permitindo o movimento de pessoas, animais e mercadorias.
A ponte é composta por três arcos de volta perfeita, bem proporcionados, assentes em pegões reforçados por talhamares triangulares — um testemunho do engenho construtivo de outros tempos. O tabuleiro, em alvenaria de xisto, segue uma leve inclinação, com uma rampa curva que acompanha o relevo da margem.
Logo a seguir à ponte, ainda se pode percorrer um troço da antiga calçada romana ou medieval, com as suas pedras irregulares ainda marcadas pelo tempo e, quem sabe, pelos passos de soldados, monges ou mercadores de séculos passados. Esta via era parte de uma rede de caminhos que ligavam a planície mirandesa ao interior profundo de Trás-os-Montes, sustentando a mobilidade numa região de geografia acidentada.
Hoje, já não serve carroças nem rebanhos, mas continua a ser atravessada por quem procura reencontrar o silêncio, a história e a autenticidade de um território profundamente ligado às suas raízes. A Ponte Romana de Algoso, acompanhada da sua calçada antiga, é mais do que um simples atravessamento de rio — é um testemunho vivo de séculos de uso e de memória.
Trilhos que contemplam a visita à Ponte: