Erguido num penedo abrupto que rasga o horizonte de Vimioso, o Castelo de Algoso é uma sentinela milenar que resiste ao tempo, fundindo-se com a rocha e dominando a paisagem agreste de Trás-os-Montes. A sua localização, no cimo de uma escarpa íngreme de quartzito, não foi escolhida ao acaso: mais do que um capricho da natureza, foi uma escolha estratégica. Difícil de conquistar, praticamente inacessível por todos os lados, o terreno servia como muralha natural muito antes das pedras serem empilhadas pelos homens.
Construído no século XII, em pleno processo de afirmação do Reino de Portugal, o castelo foi peça fundamental na defesa da fronteira nordeste, numa época em que as tensões com o reino de Leão exigiam fortificações robustas e vigilância constante. Do alto do rochedo, avistava-se o vale da Ribeira de Angueira e os caminhos por onde passavam viajantes, exércitos e mercadores — um ponto de controlo natural que tornava Algoso vital para a estabilidade da região.
Mas o castelo não viveu só de pedras e estratégias. Foi entregue à Ordem de São João do Hospital — os famosos monges-cavaleiros — que lhe imprimiram uma identidade única: a fusão entre fé e espada. Sob o comando da Ordem, a fortaleza ganhou forma e prestígio, sendo reforçada com muralhas e torres que ainda hoje desafiam o céu transmontano. A torre de menagem, esguia e austera, é testemunho desse passado de devoção e combate.
Ao longo dos séculos, o Castelo de Algoso foi palco de disputas, escaramuças e mudanças políticas. Perdeu gradualmente a sua função militar, mas nunca deixou de impressionar. Mesmo em ruínas parciais, continua a contar a sua história com dignidade. Subir até lá é mais do que uma visita: é uma viagem no tempo. O silêncio que se ouve no topo da escarpa é o eco de séculos de luta, de oração, de resistência.
Hoje, o castelo convida quem o visita a sentir o peso e a beleza da História, a admirar a paisagem arrebatadora e a imaginar os tempos em que esta fortaleza dominava não só a geografia, mas também o destino de um reino em construção.
Existem dois percursos pedestres homologados que contemplam a passagem no castelo:
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