A PR7 ? Rota do Rio Torto convida-o a descobrir a história e a natureza que se entrelaçam ao longo deste percurso, que parte do mais antigo testemunho da presença humana no concelho de Gouveia: a imponente Anta da Pedra da Orca. Este trilho permite explorar as margens e os cenários que rodeiam o Rio Torto, revelando uma multiplicidade de particularidades ambientais e patrimoniais de grande interesse.
Acompanhados pelo som das águas do Rio Torto, que dá nome à localidade, percorremos caminhos que testemunham a engenhosidade humana na sua relação com esta importante linha de água. Entre os vestígios desta relação destacam-se as poldras, que permitem atravessar o rio desde tempos imemoriais, e a ponte medieval, construída para ligar as margens de forma mais segura.
Mais adiante, surge um pequeno casal agrícola da época moderna, hoje abandonado, que revela a complexidade do aproveitamento da água na agricultura. As levadas conduzindo até ao moinho de rodízio mostram como se utilizava a força da água para transformar o cereal, que, por sua vez, era depois levado ao forno do século XVII, onde terminava a sua viagem antes de chegar à mesa dos caseiros deste lugar.
A ligação destas comunidades rurais ao território prolongava-se também para além da vida, como se comprova pelas necrópoles e sepulturas rupestres ainda visíveis na propriedade conhecida como Monte Aljão. Este local foi, em tempos, uma villa romana que se transformou num pequeno aglomerado populacional durante a Alta Idade Média, época a que remonta a necrópole do Monte Aljão. Apesar de ter sido abandonado na Idade Média, o Monte Aljão manteve uma forte ligação à comunidade de Gouveia, sendo mencionado nos forais concedidos pelo rei, que autorizavam os gouveenses a ali pascentar, lavrar e montar, pagando apenas o dízimo a Deus.
A prosperidade associada ao vale do Rio Torto é também visível nos solares e propriedades senhoriais que pontuam a paisagem, criando um contraste com as casas simples de arquitetura vernacular e etnográfica que se encontram no centro da freguesia. Aqui, o tempo parece correr mais devagar, embalado pelo ambiente bucólico e pela serenidade que envolve este percurso, onde cada passo conta uma história ligada à terra, à água e às gentes que ali viveram ao longo dos séculos.