O PR13 - Fraga do Coelho é um trilho cheio de história, natureza e vistas deslumbrantes, que nos leva a descobrir a riqueza do planalto transmontano. O percurso acompanha pequenos cursos de água que alimentam a ribeira de Labiados, afluente do rio Onor, e desenrola-se entre áreas agrícolas, bosques de carvalho-negral, carrascos e manchas de matos coloridos de urze, carqueja, giesta e esteva.
À saída da aldeia, os campos de centeio e trigo dão lugar a terrenos abandonados ou reconvertidos em soutos de castanheiros. Pouco depois, ergue-se a emblemática Fraga do Coelho, uma formação rochosa cujo recorte lembra a silhueta de um coelho. Daqui pode optar por subir à Cerca de Caravela, um antigo povoado fortificado do I milénio a.C., que recompensa o esforço com uma vista de cortar a respiração. Do marco geodésico da Agra avista-se a serra de Montesinho, a serra da Sanábria (pintada de branco no inverno), a serra da Culebra, a serra da Nogueira e até a serra de Bornes.
O trilho desce depois para o vale do ribeiro de Caravela, atravessando primeiro um imponente carvalhal e, mais abaixo, um sardoal denso onde o carrasco, resistente ao frio e ao calor, cobre-se de líquenes prateados. Com alguma sorte, poderá cruzar-se com um corço, texugo, javali ou perdiz. No fundo do vale, o ribeiro serpenteia entre salgueiros e choupos, criando recantos de grande frescura.
Atravessado o ribeiro, o caminho segue pela encosta sul, onde surgem dois antigos colmeais circulares e o moinho comunitário de rodízio, ainda funcional, que servia para moer o cereal quando as águas corriam mais fortes. Mais à frente, os lameiros verdejantes, prados usados para pasto ou feno, dão cor ao vale. Na primavera, a corrente tranquila do ribeiro é enfeitada por ranúnculos-de-água, pequenas flores brancas com centro amarelo.
O trilho volta a subir para as terras altas, atravessando pinhais e matos floridos, até encontrar o ribeiro de Valbom, onde, num lameiro, foram descobertas peças do Bronze Final ? braceletes e um machado, hoje expostas no Museu do Abade de Baçal, em Bragança.
Na parte final, já em pleno planalto, é possível avistar raposas, lebres, coelhos e, com muita sorte, até um lobo solitário. Mais provável, no entanto, será encontrar um rebanho acompanhado pelos fiéis cães de gado transmontanos.
O regresso aproxima-se da aldeia de Caravela, onde se pode visitar a capela de Santo Antão, o antigo lagar de vinho e o Museu Rural, testemunhos vivos da tradição local.
Este é um percurso que combina paisagem, arqueologia e vida rural, perfeito para quem gosta de caminhar e sentir a essência mais autêntica de Montesinho.