Optei por realizar o Caminho dos Monges (GR64) no sentido Tarouca?Lamego por vários motivos: logísticos, pela facilidade de execução e também porque, na minha opinião, é paisagisticamente mais interessante.
Percorri os 42,5 km num único dia - é perfeitamente possível fazê-lo, mas só recomendável para caminheiros com bastante experiência. Caso contrário, recomendo vivamente que faça o percurso de forma tranquila, ao longo de dois dias.
Se estiver a pensar fazê-lo no sentido Lamego?Tarouca, tenha em atenção que esse sentido é significativamente mais exigente fisicamente. Neste caso, dividir o percurso em dois dias é quase obrigatório para garantir uma experiência segura e agradável.
As marcações estão, no geral, muito bem conseguidas. Há apenas um ou outro ponto onde é necessário redobrar a atenção, mas o trilho pode ser feito sem recurso a GPS. Ainda assim, recomendo levar sempre o ficheiro GPX consigo, como medida de segurança.
Se quiser almoçar num restaurante durante a caminhada, a melhor opção é fazê-lo até cerca do km 15 (zona das Salzedas). A partir daí torna-se bastante mais difícil encontrar um local adequado sem sair significativamente do percurso. O mesmo se aplica à água: o último ponto de abastecimento que observei foi na aldeia da Morganheira; a partir daí, não encontrei mais nenhuma fonte.
Se optar por dividir o GR64 em dois dias, recomendo pernoitar por volta do km 20. Duas boas opções sem grandes desvios do percurso são: a Cascata do Varosa (mesmo junto ao trilho) ou, com um pequeno desvio de 500 metros, o Douro Cister Hotel Resort.
Nota: No sentido Tarouca-Lamego, por volta do km 36, existe a possibilidade de seguir pela variante GR64.1, que encurta o percurso em cerca de 4 km - uma opção interessante para quem começa a acusar o cansaço.
Sobre a GR64 - Caminho dos Monges
A GR64 - Caminho dos Monges é um percurso de aproximadamente 42 km que atravessa os concelhos de Lamego (19 km) e Tarouca (23 km), com mais 3 trilhos complementares de cerca de 10 km cada. Este caminho homenageia a presença dos Monges de Cister no Vale do Varosa, figura central na história e formação do território português.
O percurso começa no Mosteiro de S. João de Tarouca, o primeiro mosteiro cisterciense em Portugal, fundado com o apoio de São Bernardo de Claraval, tio de D. Afonso Henriques, com o objetivo de reforçar o reconhecimento do país junto do Papa. Os monges brancos, como eram conhecidos, foram decisivos no desenvolvimento agrícola e social da região, seguindo o curso do Rio Varosa até ao Douro, onde criaram a primeira quinta de vinho doce de Lamego.
A GR64 é uma imersão na história, espiritualidade e natureza, passando por locais emblemáticos como a Ponte e Torre da Ucanha, o Mosteiro de Salzedas, a Capela de S. Pedro de Balsemão e vestígios industriais como a Companhia Hidroelétrica do Varosa e a antiga linha férrea Régua-Lamego. O caminho culmina no Douro, Património Mundial, rodeado por paisagens de rara beleza.
Mais do que um simples trilho, o Caminho dos Monges é um projeto cultural e turístico que valoriza o interior de Portugal, promovendo o ecoturismo e o património do Vale Varosa e do Douro, associado à história do Vinho do Porto e às raízes do país.