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O percurso passa ainda por uma das áreas de maior interesse do 
Concelho de Vila de Rei ? Os Poios ? local onde as cascatas, as 
formações rochosas e a floresta são uma constante.
As características
geológicas do território a percorrer são de gênese xistosa e 
grauváquica, apresentando conglomerados que, pela sua natureza, foram 
explorados tanto pelo ouro, durante a Idade do Bronze até à ocupação 
Romana (durante o Século I DC), como pelo estanho e prata (cujos poços 
de exploração podemos encontrar nas imediações de Santiago de 
Montalegre), provavelmente durante a Época Romana. Numa parte do 
percurso de Vila de Rei, podemos encontrar as famosas conheiras, partes 
integrantes das minas de ouro referidas, que ao contrário de outras 
minas mais comuns, não necessitavam de ser exploradas em grandes túneis e
galerias subterrâneas.
No que toca à flora, podemos referir que as 
galerias ribeirinhas por onde o percurso passa são de grande beleza, 
onde se destacam os amieiros, choupos e os salgueiros, em sintonia com 
outras espécies características da flora mediterrânica, tais como o 
medronheiro, a murta, a gilbardeira, o pilriteiro, a aroeira, o 
rosmaninho, a esteva, o sargaço, o estêvão, a giesta e a carqueja. 
Paralelamente
a esta flora, a área circundante apresenta ainda um conjunto de 
vegetação associada a afloramentos rochosos de notável dimensão. Apesar 
de ambos concelhos serem sobretudo de natureza florestal, onde a 
presença do pinheiro bravo e do eucalipto é notória, ainda é possível 
encontrar manchas de sobreiros e carvalhos, espécies que eram mais 
abundantes até meados do século passado.
Em termos de fauna, a 
avifauna é sem margem de dúvidas a mais abundante, onde destacamos o 
guarda-rios, o milhafre-preto, diversas espécies de garças, o 
corvo-marinho, que encontrou sobretudo na barragem de Castelo de Bode um
habitat para viver, e algumas espécies particulares, tais como um 
discreto casal de cegonhas-pretas que nidificam na zona da Ribeira do 
Codes e outro casal de águias de Bonelli que de vez em quando se avistam
em voos de caça. Contudo podemos avistar outros animais, como o caso do
tímido esquilo vermelho e da lontra, nas Ribeiras do Codes e de 
Andreus.
Qualquer que tenha sido o sentido do percurso tomado, à 
chegada, é natural que o cansaço se faça sentir, mas a satisfação e a 
riqueza da experiência vivida compensará tudo o resto, não fosse esta a 
Grande Rota da Prata e do Ouro.




